QUARTA PARTE – O PENTATEUCO


INTRODUÇÃO
 
O termo Pentateuco é a denominação mais comum para descrever os primeiros cinco livros da Bíblia. A enorme quantidade de material legal no Pentateuco (metade de Êxodo, a maior parte de Levítico, grande parte de Números e praticamente todo o Deuteronômio) levou à designação comum Lei ou Livros da Lei.
Até o Iluminismo do século xviii, havia consenso entre as tradições judaica e cristã de que o testemunho do Pentateuco revelava Moisés como seu autor. Muitos estudiosos declaram positivamente as contribuições significativas de Moisés para a formação do Pentateuco, mas sustentam que a forma final desses livros evidencia algum trabalho de edição posterior à época de Moisés.
Alguns críticos radicais têm negado a possibilidade de envolvimento sobrenatural de Deus na história e questionado a fidedignidade da história que se encontra no Pentateuco (veja “Os Métodos da Crítica e o Antigo Testamento”).
Deuteronômio, o último livro do Pentateuco, foi composto por Moisés nas campinas de Moabe (Dt 1.1-5; 4.44-46; 29.1) pouco antes de sua morte (Dt 31.2, 9, 24). Os primeiros quatro livros provavelmente compartilham o mesmo período e local de origem. Gênesis, Êxodo e Levítico, porém, podem ter sido escritos já por ocasião da convocação no Monte Sinai, trinta e oito anos antes.
A descrição do Pentateuco como torah, “instrução”, revela de imediato o seu propósito: educar o povo de Israel acerca de sua identidade, sua história, seu papel entre as nações da terra e seu futuro. O propósito verdadeiro e último da literatura bíblica não pode ser separado de sua mensagem teológica. O Pentateuco procurava informar o povo de Deus sobre sua identidade e foco.
Os intérpretes assumem uma das três abordagens principais do Pentateuco como fonte histórica:
1) Muitos intérpretes lêem o Pentateuco como um relato fiel dos eventos.
2) Críticos radicais desconsideram o Pentateuco como uma fonte para história.
3) Outros vêem o Pentateuco principalmente como uma interpretação teológica de pessoas e acontecimentos reais.
Muitos estudiosos entendem que as descobertas da arqueologia científica relativas à Bíblia servem para confirmar que o Pentateuco se encaixa bem melhor exatamente no ambiente do segundo milênio a.C. em que o at o situa.
A importância fundamental e a relevância do Pentateuco residem em sua teologia, não em sua historicidade ou mesmo em sua forma literária e conteúdo. O grande tema do Pentateuco, portanto, é o tema da reconciliação e da restauração. A criação de Deus, tendo sido afetada pela desobediência humana, necessita de restauração.
 
 

Gênesis

          O livro de Gênesis toma seu nome da versão grega do Antigo Testamento (a Septuaginta), que o chamou Genesis, termo que significa começo.
As tradições judaica e cristã têm atribuído de maneira quase unânime a autoria de Gênesis a Moisés (veja “O Pentateuco”).
 
Tema
O nome Gênesis descreve pelo menos um dos principais temas do livro — as origens. As origens, porém, não são um tema-síntese inteiramente satisfatório, pois não há resposta à questão histórica e teológica fundamental —por quê? Saber porque Deus agiu na criação e pela redenção é compreender a verdadeira essência da revelação divina.
 
Formas literárias
As três principais seções de Gênesis são caracterizadas por tipos literários distintos. Os eventos primevos (Gn 1–11) são dispostos em uma forma de narrativa poética para ajudar a transmissão oral.
1) As narrativas sobre os três primeiros patriarcas – são relatos mantidos em registros familiares.
2) A narrativa de José - é um breve conto, com tensão e resolução.
3) Tipos menores tais como genealogias, narrativas em que Deus aparece, palavras de
Deus, bênçãos e ditados tribais.
 
Propósito e teologia
O propósito de Gênesis era dar à nação de Israel uma explicação sobre sua existência no limiar da conquista de Canaã. A mensagem teológica de Gênesis, porém, vai além dos interesses limitados de Israel. Gênesis de fato dá a razão de ser de Israel, mas faz mais do que isso. Explica a condição humana que clama por um povo da aliança. Isto é, revela os grandes propósitos criativos e redentores de Deus que têm seu foco em Israel como agência de recriação e salvação.
 
ESTRUTURA DO TEXTO
O ALVO DA CRIAÇÃO DE DEUS:DOMÍNIO, BÊNÇÃO E RELACIONAMENTO
1.1¾2.25
 
O PECADO, SUAS CONSEQÜÊNCIAS E A GRAÇA SALVADORA DE DEUS
3.1—10.32
A bênção do domínio e a maldição do pecado
4.17—5.32
A libertação pela graça de Deus e a obediência de Noé
6.1—9.29
A reafirmação da bênção de Deus
10.1-32
A confusão em Babel
11.1-32
ABRAÃO: A OBEDIÊNCIA DA FÉ
12.1—22.19
As promessas de Deus: descendentes, bênção e terra
12.1-9
As promessas sob ameaça
12.10-20
Alcançando a promessa de terra
13.1-18
Possuindo a terra, abençoando os vizinhos
14.1-24
A promessa da descendência e da terra
15.1-21
O esforço humano para concretizar a promessa de Deus
16.1-16
A reafirmação da promessa de herdeiro
17.1—18.15
Uma bênção sobre as nações vizinhas
18.16—19.38
A ameaça à promessa de herdeiro
20.1-18
O cumprimento da promessa de herdeiro
21.1-34
A obediência e a bênção de Abraão
22.1-19
ISAQUE: O ELO COM AS PROMESSAS   DE DEUS A ABRAÃO
22.20—25.18; 26.1-33
A LUTA DE JACÓ PELAS PROMESSAS 
25.19-34; 27.1—36.43
O começo da luta
25.19-26
A luta pelo direito de primogenitura
25.27-34
A luta pela bênção
26.34–28.9
A fidelidade de Deus quanto às suas promessas
28.10-22
A luta continua
29.1—31.55
O retorno à terra prometida
32.1—33.17
A ameaça da assimilação
33.18—34.31
A reafirmação das promessas
35.1—36.43
A LIBERTAÇÃO MEDIANTE JOSÉ
37.1—50.26
A mensagem para hoje
Uma contribuição óbvia do livro de Gênesis ao mundo moderno é a sua explicação sobre as origens das coisas que não poderiam ser entendidas de nenhum outro modo. Ou seja, ele tem valor científico e histórico, mesmo que este não seja seu propósito principal.
Mais fundamentalmente, Gênesis lida com a essência do significado do fato de os seres humanos terem sido criados à imagem de Deus.
O valor ético
O efeito horrível do pecado é um dos temas admiráveis de Gênesis. Além da história da “queda”, cada relato em Gênesis mostra às pessoas como viver de modo vitorioso diante de elementos contrários a Deus que atuam neste mundo decaído e descreve o que acontece quando fracassamos nisso. Os modelos de fé e obediência —Abel, Enoque, Noé, Abraão e José são também instrutivos.
 

Êxodo

          Êxodo, cujo significado é saída, foi o título que a Septuaginta, tradução grega antiga do at, deu ao segundo livro da Torá (cf. Êx 19.1).
Alguns intérpretes entendem que as declarações contidas em Êxodo apontam Moisés como o autor da forma final do livro. Os intérpretes que aceitam a autoria tradicional de Êxodo sustentam que Moisés o colocou em sua forma presente desde a peregrinação no Sinai até a conquista das planícies de Moabe, logo antes de sua morte.
Tema
A perseguição de Israel no Egito; o nascimento de Moisés, seu exílio em Midiã e sua volta para o Egito como líder de Israel; e o próprio acontecimento grandioso do Êxodo —tudo isso leva ao ápice do compromisso da aliança.
Um segundo grupo de estudiosos vê a presença de Javé com Israel e em seu meio como o centro teológico do livro. Um terceiro grupo vê o senhorio de Javé como o tema teológico central.
Formas literárias
Êxodo inclui vários tipos e gêneros literários, entre eles poesia, textos de aliança e material legal.
A estrutura literária
Alguns intérpretes discernem uma estrutura geográfica.
Israel no Egito (1.1—13.16)
Israel no deserto (13.17—18.27)
Israel no Sinai (19.1—40.38).
Outros se atêm ao conteúdo para esboçar Êxodo:
Livramento do Egito e jornada em direção ao Sinai (1.1—18.27)
Aliança no Sinai (19.1—24.18)
Instruções para o tabernáculo e para o culto (25.1 —31.18)
Quebra e renovação da aliança (32.1—34.35)
Construção do tabernáculo (35.1—40.38)
Ainda outros intérpretes focalizam um tema teológico central.
Propósito e teologia
O livro de Êxodo é a história de dois parceiros em aliança —Deus e Israel. Êxodo define o caráter do Deus fiel, poderoso, salvador e santo que estabelece uma aliança com Israel. Êxodo também revela o caráter de Deus por meio de seus atos.
Também define o caráter do povo de Deus. Olha ainda para o futuro, para a terra da promessa, pois a terra era indispensável para Israel ser uma nação plena.
O ápice teológico de Êxodo aparece em 19.4-6, que esboça a verdadeira natureza de Israel e seu lugar no plano de Deus. Para Israel, ser reino de sacerdotes implicava que o povo de Deus atuaria como mediador e intercessor, pois esse é o âmago da função sacerdotal.
O chamado de Israel para a aliança era fundamentado, não em seu mérito, mas na livre escolha de Deus: “vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a mim” (Êx 19.4).
ESTRUTURA DO TEXTO
A PRESENÇA SALVADORA DE DEUS: A LIBERTAÇÃO DA ESCRAVIDÃO EGÍPCIA
1.1—13.16
A presença de Deus em seu povo oprimido
1.1-22
A presença de Deus com o jovem Moisés
2.1-22
Deus revela sua presença a Moisés
2.12—4.17
A presença de Deus com Moisés no Egito
4.18—13.16
 
A PRESENÇA ORIENTADORA E PROVEDORA DE DEUS: A JORNADA EM DIREÇÃO AO SINAI
13.17—18.27
A PRESENÇA EXIGENTE DE DEUS: A ALIANÇA DO SINAI
19.1—24.18
A PRESENÇA DO DEUS A SER ADORADO: REGRAS PARA O TABERNÁCULO E PARA OS SACERDOTES
25.1—31.18
 
A PRESENÇA DE UM DEUS QUE DISCIPLINA E PERDOA JUNTO A UM POVO DESOBEDIENTE
32.1—34.35
A PRESENÇA PERMANENTE DE DEUS JUNTO A UMA COMUNIDADE OBEDIENTE E QUE O ADORA
35.1—40.38

A mensagem para hoje

O livramento do êxodo está para o Antigo Testa­mento assim como a morte e ressurreição de Cristo estão para o Novo Testamento — o ato central, definitivo, pelo qual Deus intervém para salvar seu povo.
O livramento no êxodo, a aliança sinaítica, a experiência no deserto e a promessa de uma terra fornecem modelos da vida cristã. Os cristãos vivem sua peregrinação no deserto do sistema deste mundo como que correndo rumo à terra eterna da promessa ainda por vir e desfrutando dela.
O valor ético
Deus salvou seu antigo povo de Israel e fez aliança com ele, exigindo dele um estilo de vida coerente com esse chamado santo. Os Dez Mandamentos são uma expressão do próprio caráter de um Deus santo, fiel, glorioso e salvador. Mesmo os “estatutos” e “julgamentos” voltados especificamente para o Israel do Antigo Testamento exemplificam padrões de santidade e integridade, sendo partes indispensáveis do que Deus espera de seu povo de todas as épocas.
Seria possível citar muitos outros exemplos, mas esses são suficientes para mostrar que Êxodo é eterno em sua importância moral e ética, bem como teológica.
 
 
 
 

Levítico

O nome Levítico vem da antiga tradução grega, a Septuaginta, que intitulou a composição Leueitikon, ou seja, (O Livro dos) Levitas. Os levitas, porém, não são as personagens principais do livro.
O último versículo de Levítico localiza o livro em seu contexto nas Escrituras: “São estes os mandamentos que o Senhor ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai” (27.34).
Tema
O propósito geral do livro de Levítico era comunicar a maravilhosa santidade do Deus de Israel e delinear os meios pelos quais o povo poderia ter acesso a ele.
Formas literárias
Com exceção de poucas passagens narrativas e uma seção de bênção e maldição, Levítico consiste em material legal, particularmente de natureza cultual. A maior parte desse material é altamente estruturada em forma quase poética.
A forma legal da maior parte de Levítico (prescrições e estatutos) dá a entender que ele pertence a um texto de aliança. De fato, ele trata das exigências da aliança que regulam os meios pelos quais a nação e os indivíduos israelitas poderiam estabelecer e manter o devido relacionamento com o Senhor Deus.
Propósito e teologia
Israel era uma “nação santa”, ou seja, uma nação separada para ser povo especial de Deus. Tendo aceitado esse encargo da aliança, Israel tornou-se vassalo de Deus, o mediador de sua graça salvadora para todas as nações da terra.
Para ser uma nação santa, Israel precisava de um meio pelo qual essa santidade —ou separação — pudesse ser mantida. Israel precisava de um conjunto de orientações que estipulassem cada aspecto daquele relacionamento entre a nação e seu Deus.
Levítico esboça como Israel podia prestar a devida homenagem a Deus para cultivar e manter a relação criada pelo compromisso mútuo com a aliança.
Por fim, o Deus soberano ordenou não só princípios de acesso pelos quais seu povo-servo devia achegar-se a ele, mas também designou períodos e lugares especiais.
ESTRUTURA DO TEXTO
A NECESSIDADE DE SACRIFÍCIO
1—7
Os holocaustos
1.1-17
Ofertas de manjares
2.1-16
Ofertas pacíficas
3.1-17
Ofertas pelo pecado
4.1—5.13
A oferta pela transgressão
5.14—6.7
Sacerdotes e ofertas
6.8—7.38
A NECESSIDADE DE MEDIADORES SACERDOTAIS
8—10
A consagração de sacerdotes
8.1-36
A função dos sacerdotes
9.1-24
O fracasso dos sacerdotes
10.1-20
A NECESSIDADE DE SEPARAÇÃO ENTRE O PURO E O IMPURO
11—15
Animais puros e impuros
11.1-47
A impureza após o parto
12.1-8
A impureza da enfermidade
13.1—14.57
As emissões impuras
15.1-33
A NECESSIDADE DE UM DIA DA EXPIAÇÃO
16
A NECESSIDADE DE UM VIVER SANTO
17—25
Sacrifício e sangue
17.1-16
As relações sexuais
18.1-30
Os relacionamentos interpessoais
19.1-37
As ofensas capitais
20.1-27
O culto e a santidade
21.1—22.33
Os dias santificados
23.1-44
Consagração e profanação
24.1-23
O Ano Sabático e o Ano do Jubileu
25.1-55
A BÊNÇÃO E A MALDIÇÃO
26
AS OFERTAS DE DEDICAÇÃO
27
A mensagem para hoje
O livro de Levítico, sem dúvida, é um dos mais negligenciados do at, exatamente porque os cristãos de hoje não conseguem ver sua importância para a vida atual. Quando, porém, se percebe que seus principais temas ou ideais —a santidade de Deus, sua aliança com seu povo e as conseqüentes exigências de um viver santo— são eternos e irrevogáveis, torna-se imediatamente clara a pertinência do livro.
O valor ético
Os rituais de Levítico encontram seu cumprimento no sacrifício de Cristo, não sendo, assim, regras vigentes no culto cristão. Contrastando com isso, um apreço pela santidade de Deus e a memória do que Deus fez para nosso livramento —não da escravidão egípcia, mas do pecado, por intermédio da morte de Cristo— continua a motivar os cristãos a um viver santo.
 

Números

          O nome hebraico desse livro (bemidbar) significa no deserto, sendo assim o modo mais adequado de descrever seu conteúdo: um tratado inteiramente ambientado nos desertos do Sinai, Neguebe e Transjordânia.
O último versículo de Números resume o todo ao dizer: “São estes os mandamentos e os juízos que ordenou o Senhor, por intermédio de Moisés, aos filhos de Israel nas campinas de Moabe, junto ao Jordão, na altura de Jericó” (36.13). O versículo final dá a entender que Números instrui Israel a respeito dos pré-requisitos para obter posse da terra prometida e desfrutá-la.
Tema
O livro de Números é mais que um mero diário de viagem que narra a jornada de Israel desde o monte Sinai até as planícies de Moabe. As narrativas e leis em Números apresentam as condições para que Israel pudesse ter posse da terra prometida e a desfrutasse.
Números documenta que quando o povo de Deus era fiel às condições da aliança, a viagem e a vida corriam bem para ele. Quando era desobediente, porém, pagava o preço com derrotas, atrasos e mortes no deserto. O livro, portanto, ensina às gerações posteriores que a conformidade com a aliança traz bênção, mas a rejeição da aliança acarreta tragédia e sofrimento.
Números também documenta a organização efetiva das tribos para formar uma comunidade religiosa e política distinta para a conquista e ocupação de Canaã.
Formas literárias
Grande parte de Números descreve um período aproximado de quarenta anos da história de Israel quase em forma de “diário”. Ao que parece, Moisés manteve um livro em que anotava eventos significativos que pudessem constituir, e constituíram, suas memórias pessoais
V.  Além do material narrativo, Números contém listas de censo, um manual de
organização para acampamento e marcha e regras para as ordens sacerdotal e levítica. Também contém leis de sacrifícios e rituais, instruções acerca da conquista e divisão da terra e leis regulamentando heranças.
 
Propósito e teologia
O material diversificado de Números aponta para um alvo comum — a posse da terra prometida por Deus aos patriarcas. Mesmo os textos legais de Números prenunciavam a vida na terra prometida. Esses textos regulamentavam seu culto e mantinham sua pureza.
ESTRUTURA DO TEXTO
A ORGANIZAÇÃO DE ISRAEL PARA A CONQUISTA DA TERRA PROMETIDA  
1.1—10.10
a organização das tribos para a guerra
1.1—2.34
A organização dos levitas para o culto
3.1—4.49
A preservação da pureza do povo de Deus
5.1—6.27
A provisão de uma morada para Deus no acampamento
7.1—8.26; 9.15
A celebração da Páscoa e a saída do acampamento
9.1—10.10
A REJEIÇÃO DA PROMESSA DIVINA DE TERRA
10.11—14.45
Saudades do Egito
11.1-35
A rejeição do profeta de Deus
12.1-15
A rejeição da dádiva divina de terra
13.1—14.15
A PEREGRINAÇÃO FORA DA TERRA PROMETIDA: A JORNADA NAS PLANÍCIES DE MOABE
15.1—22.1
A rejeição do sacerdote de Deus
16.1-50
A legitimação do sacerdote de Deus
17.1-13
Sacerdotes, levitas e pureza
18.1—19.22
A falta de confiança na palavra de Deus
20.1-13
Jornada a Moabe
20.14—22.1
A LUTA CONTRA OS OBSTÁCULOS À TERRA PROMETIDA POR DEUS
22.2—25.18
A ameaça externa
22.2—24.25
A ameaça interna
25.1-18
UMA NOVA PREPARAÇÃO PARA A CONQUISTA
26.1—36.13
Um sucessor para Moisés
27.1-23
Instruções para o culto na terra prometida
28.1—30.16
A manutenção da pureza de Israel
31.1-54
Um novo retorno
32.1-42
Lembrança da jornada, prenúncio da conquista
33.1—36.13
A mensagem para hoje
Deus desejava o melhor para os antigos israelitas — dar-lhes uma bela terra como lar. Assim também, Deus deseja o melhor para as pessoas hoje.
A história da peregrinação de Israel, partindo do Sinai, o lugar de seu compromisso inicial com Deus, até as planícies de Moabe, onde Israel manifestou-se disposto a concretizar todas as promessas de Deus, lança luz sobre a experiência cristã. É evidente que Israel, como os fiéis de hoje, experimentou tempos de fracasso abismal. Então e agora, a rebelião contra Deus traz conseqüências medonhas, mas aqueles que se apegam as promessas de Deus são recompensados.
O valor ético
A resposta de Israel à liderança de Moisés e Arão e às exigências da aliança em geral ditou o grau de sucesso ou fracasso que caracterizou sua jornada pelo deserto. A forte mensagem ética que ressoa em alto e bom som em Números é que Deus possui um plano que leva à bênção. Mas o plano é construído em torno de princípios e práticas de comportamento que não podem ser abrandados ou negociados.
 

Deuteronômio

          O nome Deuteronômio (do grego traduzido por segunda lei) surgiu da tradução dada pela Septuaginta à frase hebraica que significa um traslado desta lei (Dt 17.18). Deuteronômio não é uma segunda lei, mas uma ampliação da primeira, dada no Sinai.
Em décadas recentes, os estudiosos têm chamado atenção para os paralelos notáveis entre o livro de Deuteronômio e os tratados hititas e assírios.
Israel havia completado quase quarenta anos de peregrinação pelo deserto e estava para entrar na terra de Canaã e ocupá-la. A antiga geração rebelde havia morrido. A nova geração tinha de ouvir a aliança que Deus fizera com seus pais no Sinai e atender a ela. Moisés repetiu a história da fidelidade de Deus e exortou a nova geração a ser obediente aos mandatos da aliança. Ele repetiu os termos da aliança, mas com emendas e restrições adequadas à nova situação de conquista e estabelecimento que estava por vir.
Tema
O tema geral de Deuteronômio são os relaciona­mentos da aliança. Na revelação inicial da aliança, o Senhor declarou que ele havia libertado seu povo do Egito “sobre asas de águia” e depois o tornara seu povo de propriedade especial, um “reino de sacerdotes e nação santa”. A vocação dele era ser um povo de servos que mediaria a graça salvadora de Deus a todas as nações da terra. Deuteronômio continua esse tema destacando a eleição divina de Israel. Essa função de povo escolhido devia ser vivenciada dentro de linhas claramente definidas.
 
Formas literárias
Há amplo consenso de que Deuteronômio é mol­dado segundo fórmulas bem conhecidas de tratados do antigo Oriente Próximo. Ainda que a tradição dos antigos tratados forneça a estrutura geral e o esboço do livro, Deuteronômio acrescenta exortações, poesia e outras abordagens adequadas a seu caráter mais amplo como um sermão de despedida de Moisés.
Propósito e teologia
O livro de Deuteronômio primeiro declara nova­mente a aliança entre Javé e Israel para a geração reunida nas planícies de Moabe antes da conquista de Canaã sob Josué. Em segundo lugar, a mescla de exortações e prescrições da aliança em Deuteronômio dá a entender que o livro devia registrar as palavras de admoestação, encorajamento e alerta de Moisés para a posteridade.
A teologia de Deuteronômio não pode ser separada de seu tema e forma. Como um documento influenciado pela forma dos textos de aliança, ele se torna o veículo pelo qual o Deus soberano expressa seus propósitos salvadores e redentores para sua nação serva, seu reino de sacerdotes a quem elegeu e libertou da escravidão em resposta a antigas promessas patriarcais.
ESTRUTURA DO TEXTO
O AMBIENTE DA ALIANÇA
1.1-5
LIÇÕES DA HISTÓRIA DO POVO DE DEUS
1.6—4.40
Fracassos e sucessos na rota para a terra prometida
1.6—3.29
Guardar os mandamentos de Deus; evitar a idolatria; maravilhar-se com os atos salvadores de Deus
4.1-40
A instituição das cidades de refúgio
4.41-43
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ALIANÇA   
4.44—6.25
O coração da aliança: os Dez Mandamentos
5.1-21
A função de Moisés como mediador da aliança
5.22-33
O princípio mais básico: amor a Deus completo e exclusivo
6.1-25
PRINCÍPIOS SUPLEMENTARES DA ALIANÇA
7.1—11.32
A destruição total dos cananeus
7.1-26
Javé como a fonte de bênção em Canaã
8.1—9.6
A função de Moisés como mediador da aliança e intercessor
9.7—10.11
Amor a Javé e amor aos necessitados
10.12-22
A obediência como prova do amor a Deus
11.1-32
 
AS MALDIÇÕES E BÊNÇÃOS DA ALIANÇA
27.1—28.69
A assembléia em Siquém
27.1-10
As maldições que seguem a desobediência a estipulações específicas
27.11-26
As bênçãos que seguem a obediência a estipulações gerais
28.1-14
As maldições que seguem a desobediência a estipulações gerais
28.15-68
 
A RENOVAÇÃO DO COMPROMISSO COM A ALIANÇA
29.1—30.20
Lembrança dos atos salvadores de Deus
29.1-9
Previsão de rebeldia por parte de Israel, julgamento de Deus e graça no arrependimento
29.10—30.10
A opção entre seguir a Deus e viver ou rebelar-se e morrer
30.11-20
O FUTURO DA ALIANÇA
31.1—29
Deus como o verdadeiro líder de seu povo
31.1-8
A palavra de Deus a ser registrada e lida
31.9-13
A provisão de Deus para o futuro: um líder, um cântico, um livro da lei
31.14-29
O CÂNTICO DE MOISÉS SOBRE A FIDELIDADE DE DEUS E SOBRE A INFIDELIDADE DE ISRAEL
31.30—32.43
A CONCLUSÃO DO MINISTÉRIO DE MOISÉS
32.44—34.12
Interlúdio narrativo: o anúncio da morte de Moisés
32.44-52
O último ato de Moisés: a bênção sobre Israel
33.1-29
Epílogo narrativo: a morte de Moisés
34.1-12
A mensagem para hoje
Deuteronômio foi dirigido especificamente para uma geração mais jovem de Israel prestes a entrar na terra prometida. Entretanto, transmite princípios e verdades teológicas eternos e adequados à igreja e ao mundo de hoje. Aquela nova geração de israelitas serve como um modelo de povo de Deus em todas as eras. Nós, a exemplo deles, somos um povo com um passado em que Deus agiu para nossa salvação e revelou sua vontade para nossa vida. Mas não basta possuir orgulhosamente uma herança de fé. Nós, como eles, somos um povo com um presente. Precisamos também nos dedicar pessoalmente a Deus hoje. Por fim, nós, a exemplo deles, somos um povo com um futuro que depende de nossa fidelidade contínua a Deus.
A aliança de Deuteronômio prenuncia aquela nova aliança —não escrita em pedra, mas no coração dos homens (Jr 31.33-34)— que por fim se cumpre em Cristo (Mt 26.28; Mc 14.24; Lc 22.20). O Deus de Israel redimiu o povo da servidão e do caos e escolheu identificar-se com eles numa aliança eterna. Em seu filho Jesus Cristo e por meio dele, ele oferece pela graça o mesmo para todos os povos, em todos os lugares.
O valor ético
O freqüente apelo de Deuteronômio ao amor de Deus (6.5; 10.12; 11.1, 13, 22; 19.9; 30.6, 16, 20) mostra que o alvo da lei do Antigo Testamento era não o legalismo, mas o serviço inspirado no amor. Aliás, quando foi questionado sobre a maior das leis do Antigo Testamento, Jesus citou Deuteronômio 6.4-5. O amor de Israel —como o do cristão (1Jo 4.19)— está firmado numa experiência anterior do amor remidor divino. O amor de Israel por Deus —de novo como o do cristão (1Jo 3.18; 4.20-21)— só é amor verdadeiro à medida que se estende aos outros (Dt 10.19). Os Dez Mandamentos sublinham que Deus exige não só respeito do povo (5.6-15), mas respeito para com outros povos (6.16-21). Embora os Dez Mandamentos possuam uma qualidade não condicionada pelo tempo, são verdadeiramente pertinentes somente aos que têm um compromisso com o Deus que está por trás deles.

 

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