Civilizações Antigas
INTRODUÇÃO
Essa
discussão deve ser guiada por duas observações importantes: 1) numerosas culturas serão omitidas de nosso estudo porque não foram
importantes para a história bíblica; 2) vamos nos restringir àquilo que, na
civilização, pode ser tratado de maneira histórica.
Os
arqueólogos e antropólogos têm descoberto numerosas evidências de que a
humanidade “pré-histórica” vivia, prosperava e, surpreendentemente, conseguia
administrar o ambiente. Mas, sem textos, esses estudiosos jamais poderiam
reconstruir a história do povo que ali viveu.
Suméria
A história começa na Suméria é o título adequado de uma famosa
obra de autoria de S. N. Kramer escrita há alguns anos, já que a Suméria foi o
berço da civilização.
Os sumérios foram a primeira cultura a ter seus textos
escritos descobertos, e formavam também um dos povos mais sofisticados que
podemos encontrar. Esse povo inovador desenvolveu um sistema de escrita usando
uma cana sobre argila mole, fazendo impressões simbólicas em forma de cunha
chamadas escrita cuneiforme.
A Babilônia antiga
A Babilônia antiga não deve ser confundida com a Babilônia
dos séculos vi e vii a.C., que foi uma renascença da
cultura babilônia antiga. Como indica o nome, era uma civilização semita. Esse
império desenvolveu-se diretamente do povo sumério, embora os dois povos não
estivessem ligados por etnia.
A cultura da Babilônia antiga também dependia da Suméria em
sua literatura e religião. Sabe-se que as bem conhecidas epopéias religiosas
que tratavam da criação do mundo, Enuma Elish (veja “Histórias da
Criação e do Dilúvio”) e o relato do dilúvio (a Epopéia de Gilgamés)
tornaram-se proeminentes nos tempos da Babilônia antiga.
Egito
De todas as civilizações no mundo antigo, talvez nenhuma
cultura tenha alcançado resultados mais espetaculares em termos materiais que o
Egito. O Egito passou a existir em conseqüência do poderoso Nilo, um rio de
5.600 quilômetros de comprimento, que leva vida ao deserto.
A sociedade egípcia é conhecida por suas contribuições gerais
em várias áreas. Certamente o maior destaque deve ser dado à arquitetura, já
que a estética e as técnicas de construção são admiradas até hoje.
Assíria
Culturas semíticas continuaram, embora de forma inexpressiva,
da época da Babilônia antiga até o início do Império Assírio. Em 859 a.C.,
Salmaneser III começou uma política implacável de divisão e conquista que
duraria cerca de dois séculos, causando temor em todos os povos da época.
Babilônia
A Nova Babilônia prevaleceu de 626-539 a.C. Essa civilização
semita foi construída sobre a estrutura de poder político deixada pelos
assírios e se estendeu além dela com menor grau de violência. O rei babilônico
Nabucodonosor é famoso por ter esmagado Jerusalém e imposto um exílio severo a
todos os líderes de Judá.
Pérsia
Os persas reinaram de 539 a.C., quando Ciro, o Grande, venceu
os babilônios, até 330 a.C., quando os gregos os derrotaram. Dispensavam um
mínimo de tratamento rude aos povos servilizados.
Grécia
A Grécia está localizada numa península rochosa, desértica,
no mar Egeu; portanto, a geografia servia só para isolar os gregos da maior
parte do mundo no período mais remoto de sua história.
Uma das principais contribuições dos gregos foi
governamental: a cidade-estado. Outro desenvolvimento notável foi o filosófico.
Roma
Em números aproximados, o Império Romano abrangeu o período
do século viii a.C. ao século v d.C., representando o que talvez seja
a cultura mais influente da história. Por volta de 500 a.C., com a expulsão dos
etruscos, estabeleceu-se uma república com um senado indicado para governar,
prática que prevaleceria ao longo da maior parte da história do império.
Com o fim do século ii,
encerrou-se a república romana. Ela foi seguida por uma forma ditatorial de
governo liderada por uma série de césares, dos quais um dos mais importantes
foi
Augusto, que governou num dos períodos mais longos na
história romana, de 27 a.C. a 14 d.C.
RELIGIÕES DO
ANTIGO ORIENTE PRÓXIMO
Neste estudo nosso assunto será as
religiões do antigo Oriente Próximo e não as religiões do antigo Israel.
Mesopotâmia
Na Mesopotâmia, como em todas as outras terras, a religião
sempre tinha uma ligação estreita com a cultura. Nenhuma estrutura em nenhuma
cidade da Mesopotâmia ocupava posição mais importante que o templo.
Sob o controle dos sacerdotes e reis, a atividade no templo
era responsável pela manutenção dos dados históricos que são hoje nossa
primeira fonte para reconstrução dos aspectos seculares e religiosos da
sociedade mesopotâmica.
A religião mesopotâmica era caracterizada pelo politeísmo e
incluía um vasto número de demônios. Importava-se pouco com a vida após a
morte. O interesse primordial era alcançar uma vida agradável neste mundo pela
manipulação das divindades.
As antigas divindades da Mesopotâmia eram associadas quase
exclusivamente ao reino físico. Para os mesopotâmios não havia um deus supremo
cuja autoridade comandasse outras divindades e o mundo.
Egito
O historiador grego Heródoto afirmou que os egípcios eram o
povo mais religioso de todos. À semelhança dos mesopotâmios, os egípcios
cultuavam o reino físico como a incorporação da divindade. O motivo da
construção de pirâmides era proporcionar ao rei uma habitação para a vida
além-túmulo.
Há uma diferença fundamental entre o pensamento mesopotâmico
e o egípcio. Os memoriais religiosos da cultura egípcia permanecem hoje,
enquanto os mesopotâmicos, não. Essa mudança no destino histórico representa as
diferentes perspectivas de cada cultura.
As religiões idólatras palestinas
Nossa atenção aqui estará concentrada em Baal e Aserá,
divindades que representam religiões de fertilidade, sendo Baal a divindade
masculina e Aserá, a feminina. Não é por coincidência que a religião do antigo
Oriente Próximo estava centrada principalmente na fertilidade. A infertilidade
dos animais e das pessoas significava perda econômica.
O título normal dado a Baal era “Cavaleiro das Nuvens”,
revelando sua posição como deus da tempestade, aquele que enviava chuva a
terra, fertilizando-a.
Aserá era a consorte de Baal, cuja função específica naquela
religião não se descreve com exatidão. No mínimo, parece ter sido parcialmente
responsável pelo dom da fertilidade, um tipo de deusa-mãe.
A VIDA NOS TEMPOS
BÍBLICOS
Existem
cinco fontes principais de informações sobre a vida diária nos tempos bíblicos:
a Bíblia, outros textos contemporâneos
da Bíblia, a arqueologia, as tradições judaicas e a cultura árabe de hoje.
As leis bíblicas podem nem sempre ter sido seguidas; e as
referências a costumes em textos históricos, poéticos e proféticos muitas vezes
são enigmáticas.
Outra dificuldade ao descrever a cultura bíblica é que a
principal história da Bíblia cobre um período de mais ou menos dois mil anos,
durante os quais os costumes mudaram (mesmo que bem pouco em comparação com as
mudanças nos últimos dois mil anos).
As Relações em Família
A família
O indivíduo israelita era primeiramente membro de uma família
ou linhagem, depois de um clã, depois de uma tribo, e depois do povo ou nação
de Israel.
A família israelita típica consistia no chefe de família, em
sua esposa (ou esposas), em seus filhos com suas esposas e filhos, e em suas
filhas solteiras, viúvas ou divorciadas.
A poligamia
Encontramos seis exemplos de poligamia na Bíblia no tempo
pré-mosaico, quatro durante o período dos juízes e nove entre os reis de
Israel. A monogamia é que tinha a aprovação de Deus, e era inquestionavelmente
a forma de casamento mais comum em Israel, apesar de às vezes uma segunda
esposa ou uma concubina (esposa-escrava sem propriedades e com menos direitos
que uma esposa normal) ser adquirida nos casos em que a primeira era estéril.
Os costumes de casamento
O casamento israelita típico era arranjado pelos pais entre parentes
distantes. As negociações incluíam o valor do mohar, uma compensação
entregue aos pais da noiva pela perda da ajuda em casa, com o qual se celebrava
o contrato de noivado.
Nas negociações também estava prevista uma quantia que a
esposa devia receber no caso de seu marido divorciar-se dela.
As mulheres
As mulheres em Israel eram consideradas, em termos sociais,
legais e religiosos, inferiores aos homens. Nos tempos do Novo Testamento uma
esposa podia divorciar-se do seu marido somente se ele exigisse dela votos que
ela considerasse indignos, se ele tivesse lepra ou pólipos, fosse coletor de
esterco, fundidor de cobre ou curtidor.
De acordo com o Talmude, o marido era obrigado a sustentar
sua esposa, resgatá-la do cativeiro quando necessário, providenciar-lhe
remédios quando estivesse doente e um funeral apropriado quando morresse. A
esposa, por outro lado, devia ajudar seu marido na lavoura e com os rebanhos,
bem como moer os cereais; fazer pão e cozinhar as refeições; fazer e lavar as
roupas; alimentar as crianças; fazer a cama do seu marido; e lavar o rosto
dele, mãos e pés.
As crianças
As crianças eram um tesouro e uma fonte de grande felicidade
na sociedade israelita. O parto com freqüência acontecia com a mulher sentada
sobre duas pedras separadas e geralmente contava com a ajuda de uma parteira
profissional
As crianças passavam seus primeiros anos sob o cuidado da
mãe, cantando e dançando na praça da cidade e brincando com figuras de argilas
(descobertas por arqueólogos).
A educação
O pai era o principal responsável pela maior parte da
educação dos meninos nas tradições de Israel e nas questões éticas e práticas.
A educação formal da população em geral inexistia antes do
primeiro século a.C., mas havia escolas, provavelmente desde o início da nação,
para ensinar a aspirantes a escribas a arte do preparo de documentos, já que,
na época do Novo Testamento, a capacidade de escrever era menos comum do que de
ler.
Nas sinagogas do primeiro século a.C., para meninos entre
seis e doze anos, os fariseus parecem ter começado escolas de ensino
fundamental obrigatório chamadas bet sefer, a “casa do livro” (que
ensinavam a ler a Torá) e bet talmud, a “casa do aprendizado” (que
ensinavam a Mishná ou lei oral).
A Vida em Família
Moradia
As tendas típicas em Israel eram feitas de pêlos de cabra
tecidos, castanhos ou negros. O piso era de chão batido. A “mesa” para as
refeições consistia em uma pele de cabra estendida no chão, e a cama não
passava de uma esteira de palha.
As casas mudaram relativamente pouco durante a história de
Israel. As casas dos mais pobres eram construídas com tijolos de barro secados
ao sol, ligados com argamassa de barro, rebocados de barro por dentro. O teto,
talvez sustentado por um pilar no centro da sala, consistia de vigas e varas
transversais, preenchidas com galhos e barro, nivelado depois de uma chuva
pesada. A principal fonte de ventilação e luz natural na casa era a porta.
A hospitalidade
Em toda a costa do Mediterrâneo, a hospitalidade não era
apenas um gesto de gentileza, mas uma necessidade e um favor recíproco em uma
sociedade sem hotéis decentes para os viajantes.
O Talmude põe a hospitalidade ao lado do estudo da Torá como
uma dos cinco ações que trazem recompensa eterna e declara que “prestar
hospitalidade a viajantes era tão grandioso como receber a Shekinah”.
Comida e bebida
A refeição vespertina era a principal refeição do dia, e
consistia no pão e nas frutas, legumes e verduras da estação.
Os temperos existentes eram a hortelã, endro, cominho, arruda
e mostarda, que resultava num prato muito picante quando misturada com cebolas
e alho. O sal extraído do mar Morto ou do Mediterrâneo também era importante
como tempero, assim como para conservação.
Para a carne, havia animais de caça como veados ou perdizes; contudo,
ovelhas, cabras e vacas eram mais comuns como alimento em tempos mais recentes.
Fazer pão era muito importante e muitas vezes envolvia toda a
família. O forno ficava no quintal e era ou uma grande “vasilha” de barro
virada do avesso, sob a qual se acendia o fogo
para “assar” o pão que ficava em cima, ou um grande vaso de barro com um
buraco no fundo onde se acendia o fogo.
Havia poucos moageiros profissionais no tempo do Antigo
Testamento e mesmo depois as mulheres costumavam moer sua própria farinha em
pedras chamadas “sela”. Tratava-se de
uma pedra côncava retangular de 40 a 60 cm de comprimento por 20 a 35 cm de
largura, contra a qual o grão era moído com uma pedra superior cilíndrica
empurrada com as mãos.
Como nada era mais preciso do que a água, as casas geralmente
tinham sua própria cisterna para guardar
água potável, a não ser que houvesse uma grande fonte ou poço
comunitário por perto.
Os
muitos estágios da produção do vinho resultavam em vários tipos de bebida de
uvas —do suco de uva doce até um vinagre barato e uma bebida aguada.
Roupas e cosméticos
Os materiais mais comuns eram lã e linho. O traje mais comum
de um soldado ou trabalhador era uma espécie de saia que ia até metade da coxa,
presa por um cinto de lã, que também podia guardar armas e objetos de valor.
Os homens também usavam uma túnica por cima que podia ir até
os tornozelos, que ficava por cima de um ombro ou tinha mangas curtas. A capa
era usada sobre a túnica de dia e como coberta à noite, aberta na frente com
mangas curtas soltas. Os homens não costumavam usar nada sobre a cabeça a não
ser talvez uma tira de pano em volta da testa, ou um solidéu ou turbante.
A roupa das mulheres era bem parecida com a dos homens, com a
diferença de que elas não usavam a saia usada pelos homens e provavelmente
havia bordados, cintos e peças para a cabeça diferentes dos artigos de
vestuário masculino.
Os arqueólogos descobriram uma grande quantidade de
tornozeleiras, braceletes, colares, brincos, pingentes para o nariz, anéis e
contas que as mulheres israelitas podiam usar, apesar de Isaías desprezar as
mulheres que se ostentavam com isso.
Muitos utensílios usados na preparação de cosméticos também
foram descobertos. Com eles as mulheres podiam fazer pó com vários minerais,
misturá-los com água ou óleo e depois passá-los no rosto. No tempo de Moisés já
havia espelhos, mesmo não sendo feitos de vidro como uma versão antiga traduziu
Êxodo 38.8; Jó 37.18; Isaías 3.23, mas de metal polido como bronze, prata ou
ouro. Ungüentos perfumados eram usados na medicina e na religião, e também como
cosméticos.
Sepultamento e luto
Há apenas fragmentos de evidências dos costumes de morte,
sepultamento e luto; geralmente representam as práticas dos ricos e são
difíceis de datar.
Quem estava de luto geralmente sentava de pés descalços no
chão, com as mãos sobre a cabeça e passava pó ou cinzas pela cabeça e pelo
corpo.
Como uma casa que estivera em contato com um morto ficava
impura, não se podia preparar comida nela. O culto cananeu aos mortos fazia com
que eles muitas vezes enterrassem seus mortos no chão da própria casa do
falecido, mas em Israel o costume era sepultá-los fora da cidade.
Após a morte, o corpo era lavado e ungido. A boca era
amarrada, e o corpo, enrolado ou vestido com simplicidade. Além dos familiares
e amigos, o cortejo fúnebre contava com a presença de carpideiras
profissionais, flautistas e quem mais estivesse passando. O sepultamento era
feito ou em uma caverna ou em um túmulo escavado e destinado a todos os membros
de uma família ou clã.
A Cronologia Bíblica
A
fé bíblica é a fé no Deus que age na história. Além disso, a interpretação da Bíblia não se
apóia somente nos pormenores gramáticos e lexicais do texto, mas também na
situação histórica do texto em questão à medida que ela pode ser conhecida. A
fim de definir essa situação histórica da forma mais ampla, em termos
geográficos, e profunda, em termos culturais, precisamos definir a questão da
cronologia bíblica.
Portanto,
o intérprete da Bíblia precisa de uma compreensão básica do modo pelo qual os
fatos da Bíblia se encaixam com os fatos do mundo em que a Bíblia foi
escrita.
Os princípios da cronologia
A cronologia histórica implica em medir a distância em tempo
entre um fato e o presente. Todavia, os povos antigos não utilizavam nosso
sistema cronológico.
Com exceção dos egípcios e dos romanos, os povos antigos
tinham um ano “lunissolar”; isto é, eles consideravam a lua e o sol na
definição do calendário. Os doze ciclos lunares somam apenas 354 dias e, por
isso, era necessário ajustar o ciclo lunar ao solar para compensar os onze dias
que faltavam.
Os babilônicos adotaram um calendário pré-calculado que não
respeitava esse vínculo. Esse sistema criou um problema para os judeus, porque
as festas e o calendário religiosos estavam íntima e inseparavelmente
vinculados aos ciclos lunares e agrícolas.
O método mais antigo e simples de datação implicava
estabelecer uma relação entre um acontecimento e outro, tal como uma enchente,
uma guerra, ou a administração de um rei ou oficial do governo.
A cronologia do Antigo Testamento
Os livros históricos do Antigo Testamento estão
repletos de referências cronológicas relativas. A principal ferramenta na
fixação de datas absolutas para o antigo Israel é a cronologia assíria, visto que
dois reis israelitas, Jeú e Acabe, são mencionados nas placas assírias.
A cronologia do Novo Testamento
Em 525 d.C., João i,
bispo de Roma, encarregou um monge cita de preparar um calendário-padrão
baseado no nascimento de Cristo para ser usado pela igreja do Ocidente. O ano
da crucificação de Jesus tem sido fixado por vários estudiosos em 21, 27, 28,
29, 30 e 32 d.C.
Arqueologia Bíblica
A
arqueologia é o estudo das culturas antigas que se encontram nos restos
materiais descobertos nos antigos lugares
em que as pessoas viviam.
Tipos de material arqueológico
Os objetos de investigação arqueológica de restos de culturas
antigas englobam: montes (tells), cavernas, túmulos e sepulturas feitas
pelo homem; restos de esqueletos de pessoas e de animais, pedaços de cerâmica e
outros artefatos de metal, pedra e vidro. Incluem inscrições e textos
encontrados em pedra, pergaminho, papiro e barro cozido; moedas; restos de
construções; artigos religiosos e legais, como altares, instrumentos,
estatuetas de fertilidade e outros objetos de culto; monumentos de pedra
erguidos como testemunho; seqüência de camadas de terra (acumuladas pelo ser
humano); material microscópico depositado no solo, que indica o que pessoas e
animais comiam; suprimento de água; equipamento de defesa; produção agrícola;
sistemas de estradas e pontes; e estruturas comerciais.
História da arqueologia nas terras bíblicas
A investigação arqueológica nas terras bíblicas começou cedo
e de modo simples.
Peregrinos e viajantes. No segundo e terceiro séculos cristãos começaram a se
interessar em peregrinar para as terras santas.
Exploradores. Por volta de 1800, o
alemão Seetzen investigou de modo científico a Transjordânia e descobriu
Cesaréia de Filipe, Amã e Gerash.
Topógrafos e pesquisadores. Em 1838, o americano Edward Robinson foi para a Palestina e
identificou, pela primeira vez na época moderna, muitos lugares bíblicos.
Início do estudo da cerâmica. Na década de 1890, o inglês Sir
Flinders Petrie desenvolveu um sistema de datação dos períodos e fatos bíblicos
através do estudo da cerâmica.
Registro estratigráfico. No século XX a britânica Kathleen Kenyon e outros
desenvolveram a técnica de observar e desenhar as diferentes camadas de terra
que apareciam nas paredes perpendiculares de um sítio arqueológico.
Equipes interdisciplinares. Reconhecendo a complexidade de interpretar o material
cultural desenterrado, os arqueólogos começaram a reunir especialistas de
várias disciplinas científicas.
A Abrangência Cronológica da Arqueologia Bíblica
A abrangência dos pesquisadores
Os países envolvidos na arqueologia em terras bíblicas vão desde Alemanha,
França, Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Dinamarca, Espanha e Itália até
Grécia, Turquia, Egito, Israel, Jordânia e Síria.
As pessoas envolvidas, via de regra, são professores e seus alunos de
universidades, faculdades e seminários, e também funcionários de departamentos
de antiguidades de muitos países de fora e da região.
Visão geral dos resultados mais recentes
Sítios com uma história longa. Ex. Jerusalém, com sua história
que se estende desde tempos neolíticos até o período moderno.
Exemplos de achados recentes
Ebla, tell Mardic no norte da Síria. Ebla (por volta de 2600—2300
a.C.) não é mencionada na Bíblia, mas pode ser que as placas de Ebla mencionem
Jerusalém.
Tell Daba/Ramessés, no leste do delta do Nilo. O tell Daba é
provavelmente a Ramessés da Bíblia (Êx 1.11), na região leste do delta do Nilo.
Jericó, Ai, Hesbom. Os resultados das escavações têm relação com o problema da
data da conquista de Canaã por Israel, se foi a mais antiga e tradicional, em
1400 a.C., ou a mais recente, em 1290, 1250, 1225 a.C. ou até mais tarde.
Em Hesbom (Nm 21.25), as escavações descobriram
material que fazem a data do sítio arqueológico recuar apenas até 1200 a.C.
Arade.
Foi uma das cidades conquistadas por Josué. Encontraram ali um templo da Idade
do Ferro.
Berseba.
Foi importante na vida de Abraão, Isaque e Jacó.
Na região do tell Berseba foram encontrados objetos
calcolíticos, mas a colina em si foi habitada do décimo segundo ao sétimo
século a.C.
Dã.
Era antes conhecida como Laís. Depois da conquista, tornou-se a fronteira
setentrional de Israel e também ficou famosa por causa do bezerro de ouro que
Jeroboão i fez ali.
Deir Alla / Sucote, o vale do Jordão. Deir Alla, geralmente
identificada com Sucote, foi habitada nos períodos Calcolítico, Bronze
Posterior e Ferro i e ii.
Gezer.
Localizada no Shefelá, a noroeste de Jerusalém, revela vestígios de habitação
do Calcolítico até o tempo dos romanos.
Hazor.
No norte do lago da Galiléia. As escavações revelaram que Hazor manteve-se
forte até ser totalmente destruída no século xiii
a.C.
Laquis.
Foi fortificada por Roboão, capturada pelo rei assírio Senaqueribe, tomada mais
tarde pelos babilônios e habitada até depois do exílio.
Megido,
tell el-Mutesellim. Megido fica no sopé sudeste do monte Carmelo, guardando a
passagem para a costa do Mediterrâneo. Megido foi renovada consideravelmente na
época de Salomão.
Sarepta.
Cidade fenícia pertencente a Sidom, no Líbano. Os resultados das escavações
foram publicados em 1988.
Jerusalém no Antigo Testamento. Essa jóia da Palestina, Sião, a
cidade de Deus, é habitada desde tempos pré-históricos. Escavações são feitas
ali desde 1870.
Qumran e os manuscritos
do mar Morto. Khirbet Qumran é o nome atual
desse importante sítio arqueológico na margem noroeste do mar Morto. A
literatura de Qumran foi encontrada em diversas cavernas em torno do lugar.
Apesar de existirem certas semelhanças entre algumas doutrinas dos essênios e
as do cristianismo (por se basearem ambos no at),
as diferenças entre eles são mais numerosas.
Belém.
Ela é famosa pela igreja da Natividade, construída sobre a caverna considerada
o lugar de nascimento de Jesus. Esta foi reconstruída pelo imperador Justiniano
no sexto século.
Bete-Seã / Citópolis. Foi importante na época do Antigo Testamento como lugar
onde os corpos de Saul e de Jônatas foram afixados na muralha da cidade.
Cesaréia Marítima. Cesaréia fica na margem do mar Mediterrâneo, a uns trinta
quilômetros ao sul do monte Carmelo. Na época em que Paulo esteve preso ali
podiam-se ver muitas construções monumentais.
Cafarnaum.
Esse sítio arqueológico é mencionado com destaque no Novo Testamento.
Genesaré, lago da Galiléia. Em 1986, na margem ocidental do lago da Galiléia, foram
encontrados remanescentes de um pequeno barco com a popa arredondada.
Jericó no Novo Testamento. A Jericó do Novo Testamento, está localizada na
extremidade baixa do uádi Kelt.
Jerusalém do Novo Testamento. Depois da conquista da Palestina
pelo general romano Pompeu em 63 a.C., Jerusalém entrou em uma nova era, a
herodiana.
Transjordânia
Abila
de Decápolis. Abila, uma das
cidades de Decápolis que Jesus provavelmente visitou (Mc 7.31), está localizada
a uns trinta quilômetros a leste da extremidade sul do lago da Galiléia.
Gerasa
/ Jerash. A atual Jerash,
antiga Gerasa, a uns cinqüenta e cinco quilômetros a sudoeste do lago da
Galiléia, dá seu nome à região dos gerasenos, aonde Jesus foi com seus
discípulos e onde encontrou e curou o(s) endemoninhado(s).
Pela
de Decápolis. A arqueologia dessa
cidade, localizada no lado oriental do rio Jordão, a uns quinze quilômetros a
sudoeste de Bete-Seã / Citópolis, remonta a tempos calcolíticos.
Petra,
no sul da Jordânia. Petra, a
cidade rosada de arenito, era a capital do reino nabateu a oeste do rio Jordão.
Ásia Menor e Grécia
Éfeso,
na Ásia Menor. Éfeso, na costa oeste
da Ásia Menor, retrocede na história até pelo menos o décimo século a.C.
Pérgamo
(atual Bergama), na Ásia Menor.
A carta à igreja em Pérgamo mostra que havia uma igreja nesse lugar
espetacular.
Sardes,
na Ásia Menor. A carta à igreja em
Sardes refere-se à igreja localizada nessa famosa cidade lídia a uns oitenta
quilômetros a nordeste de Éfeso.
Filipos,
no norte da Grécia. A carta aos
filipenses refere-se à igreja nessa cidade no norte da Grécia. Filipos foi
fundada no quarto século a.C. por pessoas que a chamaram “Fontes” (Krenides,
em grego).
Atenas,
na Grécia. A história de Atenas,
cujo período clássico foi no quinto século a.C., retrocede ao Período
Neolítico.
Corinto,
na Grécia. Corinto, cuja
história remonta pelo menos ao Período Neolítico, veio a ter destaque no
período clássico e também foi importante na época dos romanos. Em 46 a.C. Júlio
César a transformou em colônia romana.
A
arqueologia capacita-nos a compreender o contexto histórico e cultural onde se
originou a mensagem bíblica, e assim nos ajuda a entender melhor essa mensagem
para os nossos dias.
A Geografia e a Topografia do Antigo Oriente Próximo
A
expressão Crescente Fértil é freqüentemente usada para descrever as
terras bíblicas. O nome é derivado de um fenômeno topográfico que assume a
forma de uma lua crescente. Na ponta sudoeste do crescente fica a terra chamada
Palestina.
A Palestina
Esse
pequeno território é famoso muito além da sua condição geopolítica no mundo
antigo. Dentro das suas fronteiras fica uma terra considerada sagrada para
cristãos, judeus e muçulmanos.
As
quatro regiões. A área da Palestina
pode ser subdividida em quatro regiões topográficas que correm de norte a sul.
A
planície costeira. A fronteira ao
sul é formada pelo ribeiro Besor e a do norte é a “escada de Tiro” — perfazendo
uma distância de mais ou menos 195 quilômetros.
A
região montanhosa. Essa região
pode ser subdividida em três: as montanhas de Samaria no norte, o planalto de
Benjamim no centro e a região montanhosa de Judá no sul.
O
vale do Jordão. Esse grande vale
corre por aproximadamente 265 km de Dã no norte até a extremidade meridional do
mar Morto (o mar Salgado, no at).
O
lago Hula. Esse lago mais ao
norte tinha 6,5 quilômetros na direção norte-sul e cinco na direção
leste-oeste, nos tempos bíblicos.
A
Galiléia. Esse belo lago também
é conhecido por seu nome hebraico Quinerete (na época do Novo Testamento ele
era chamado Tiberíades e Genesaré).
O
rio Jordão. O curso do Jordão
(que em hebraico significa “aquele que desce”) é bastante sinuoso no trecho
mais ao sul. Hoje em dia a maior parte da água do Jordão é usada na irrigação.
O
mar Salgado. O rio Jordão deságua
no mar Salgado, que tem 80 quilômetros na direção norte-sul e 18 em seu ponto
mais largo. A água tem teor de sal mais ou menos seis vezes maior que a de
outros mares, impossibilitando toda vida animal ou vegetal.
Wadi-el-Arabah. A região ao sul do mar Salgado, a terra de Edom na
Bíblia, é chamada Wadi-el-Arabah.
O
planalto oriental. Essa região
montanhosa também é atravessada por uádis.
Variações. Algumas intersecções topográficas cortam essas
quatro regiões geográficas. A primeira trata-se de um vale que corre na direção
sudeste do mar Mediterrâneo até o rio Jordão. Outra interrupção na divisão
norte-sul de Israel é o monte Carmelo, que acompanha o grande vale mencionado
acima na direção sudeste. A última interrupção nas regiões topográficas é a
área chamada Neguebe, que significa sul.
As
chuvas. Nuvens que trazem
umidade são sazonais (de setembro até maio), e o inverno pode trazer neve às
montanhas.
O
clima. Há uma surpreendente
variação climática, que pode ser mais bem entendida como produto direto da
variação de altitude.
Fenícia
Com
algumas diferenças, as mesmas condições da Palestina podem ser encontradas na
Fenícia. A exemplo da Palestina, há um grande vale entre as duas cadeias de
montanhas, o Líbano e o Anti-Líbano, chamado Beqa (literalmente, o vale).
Mesopotâmia
“Mesopotâmia”
é um termo grego que significa “terra entre os rios”. Por ironia, foram
os rios que deram origem à história fascinante que transcorreu no lado oposto à
sua cabeceira. O rio Tigre vem das montanhas da Armênia e o Eufrates recebe
suas águas das chuvas nas montanhas do leste da Ásia Menor.
O deserto central
Esse
grande crescente fértil circunda um deserto tremendo, atravessado por poucas
rotas de comércio.
As montanhas ao norte
As
montanhas da Ásia Menor se estendem por mais de 1600 quilômetros de leste a
oeste. Na verdade elas fazem parte da cadeia de montanhas que se estende dos
Alpes na Europa até a Índia, passando pelos Bálcãs e pela Pérsia.
As terras a leste
A
mais antiga dessas terras é Elão, separada da Suméria pela cordilheira dos
Zagros. Grande parte dessa região tem índices pluviométricos anuais inferiores
a 10 cm.
Egito
Em
muitas maneiras a geografia do Egito é a mais peculiar das topografias antigas.
Com o Saara intransitável a oeste, o grande deserto a leste, as cataratas do
Nilo pelo sul e o mar Mediterrâneo e o deserto do Sinai ao norte, o Egito
estava particularmente isolado.
Grécia
Para
compreender a terra chamada Grécia, é necessário pensar em montanhas cercadas
pelo mar. A leste do Pindo está a Macedônia no norte, com o monte Olimpo
dominando sua fronteira sul. Com tão pouca terra disponível para a lavoura (80%
é montanhosa), o mar trouxe a solução como fonte de alimento e rota de comércio
e imigração.
Conclusão
A Bíblia é o livro que mais influência exerceu e tem exercido em toda a história da Humanidade. É o mais importante compêndio de que o homem dispõe para compreender sua história e o plano divino do Criador para com suas criaturas. Por não entender o valor dessa obra e tudo o que ela representa, o homem tem trilhado caminhos tortuosos em busca de filosofias de vida. Geralmente, doutrinas que não se sustentam no tempo, porque não são alicerçadas na Verdade. As Escrituras Sagradas têm este nome por conterem os escritos da Lei de Deus, trazidos ao mundo em diversas épocas, de acordo com o nível de compreensão dos seres humanos.
Fonte:
Edições Vida Nova e
Co-Instruire – Consultoria e Assessoria em Educação
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