"Venha
o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu".
INTRODUÇÃO
Inúmeras vezes por dia, há quase 2000 anos, crentes em todo o mundo fazem essa
oração, seguindo o modelo que Jesus deu aos Seus discípulos, conforme
registrado em Mateus 6.9-13 e Lucas 11.2-4. O que pedimos com essas palavras?
Em toda
a história, o mundo conheceu muitos reinos, dinastias e impérios. Eles
ascenderam e decaíram, passando pelas páginas da história como folhas num dia
de outono. Alguns foram espetaculares e repletos de esplendor, outros
escravizaram e massacraram suas populações. Não importa como lembramos deles,
todos têm o mesmo denominador comum – líderes humanos. Mesmo hoje em dia muitos
acreditam que, se conseguíssemos colocar as pessoas certas nos cargos políticos,
a humanidade ficaria livre para alcançar seu pleno potencial.
Há
muitas interpretações da história e de sua relação com o futuro. Alguns acham
que é cíclica, outros lembram com saudade de uma "era dourada".
Alguns dizem que ela progride conforme as "leis da natureza", outros
dizem que está regredindo por causa dessas mesmas leis. Em tudo isso, a Bíblia
dá uma resposta clara e certa às perguntas sobre o futuro. A história e os
eventos humanos têm uma direção e haverá um reino futuro glorioso. As orações
dos crentes serão respondidas e o próprio Deus, na Pessoa de Jesus Cristo, a
segunda pessoa da Trindade, reinará e governará na terra durante 1000 anos no
Milênio. O melhor ainda está por vir!
A
história humana está inserida entre dois paraísos. O primeiro paraíso começou
no Jardim do Éden, mas a queda em pecado trouxe a dor e a tristeza decorrentes
do castigo de Deus. A humanidade recebeu ordem de transformar o jardim na
cidade de Deus. Mas ao invés da Nova Jerusalém, o resultado foi a Babilônia e o
reino do homem. Com a intervenção de Cristo na história (primeiro em humildade,
futuramente em glória), a humanidade ainda retornará ao paraíso, dessa vez numa
cidade – a Nova Jerusalém.
A
história atual está se aproximando do estabelecimento da vitória e do reino de
Deus na terra por meio de Jesus Cristo e Seu povo. Mas quais são os detalhes? O
que a Bíblia ensina sobre o Milênio futuro? Na verdade a Bíblia tem muito a
dizer sobre esse assunto. Vamos examinar juntos seus ensinamentos.
O Que é o Milênio?
Onde a Bíblia ensina sobre o Milênio?
Se você
procurar a palavra Milênio em uma concordância bíblica, provavelmente ficará
frustrado. Há várias passagens bíblicas que ensinam sobre o Milênio, apesar de
a palavra em si não ser mencionada. O Milênio é uma doutrina bíblica e um
conceito teológico derivado de várias passagens. Assim como muitos termos
teológicos, a palavra Milênio vem do latim. Refere-se ao período de
tempo em que a Bíblia diz que o Reino do Messias será estabelecido na terra
antes do fim da história.
A palavra Milênio vem do latim mille, que significa
"mil", (a palavra grega para Milênio vem de chilias, que
significa "um mil"), e annus, que significa [em latim]
"ano", [etos em grego]. O termo grego é usado seis vezes no
texto original do capítulo vinte de Apocalipse para definir a duração do reino
de Cristo na terra antes da destruição do velho céu e da velha terra. Então, a
palavra Milênio refere-se aos mil anos do futuro reinado de Cristo que
precederão a eternidade.[1]
Várias
passagens do Velho Testamento falam sobre um tempo futuro de verdadeira paz e
prosperidade para os seguidores justos de Deus, sob o reinado benevolente e
físico de Jesus Cristo na terra. Zacarias 14.9 fala sobre esse período,
dizendo: "O Senhor será Rei sobre toda a terra; naquele dia, um só será
o Senhor, e um só será o seu nome". A passagem continua nos versículos
16-21, descrevendo algumas das condições reinantes no Milênio. Apesar de toda a
Bíblia falar descritivamente sobre o Milênio, apenas no último livro –
Apocalipse – a duração do Seu reinado foi revelada.
Isaías
(700 anos a.C.) previu essa era futura:
"Nos
últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do Senhor será estabelecido no
cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão todos os
povos. Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor e à casa
do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas
veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do Senhor, de Jerusalém. Ele
julgará entre os povos e corrigirá muitas nações; estas converterão as suas
espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras; uma nação não
levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra"
(Isaías 2.2-4).
Alguns
capítulos adiante, ele escreve novamente sobre o Milênio:
"O
lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o
bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os
guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; o
leão comerá palha como o boi. A criança de peito brincará sobre a toca da
áspide, e o já desmamado meterá a mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem
dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento
do Senhor, como as águas cobrem o mar" (Isaías 11.6-9).
Outras
passagens do Velho Testamento que tratam detalhadamente a respeito, incluem:
Salmo 2.6-9; Isaías 65.18-23; Jeremias 31.12-14; Ezequiel 34.25-29; 37.1-14;
40-48; Daniel 2.35; 7.13-14; Joel 2.21-27; Amós 9.13-15; Miquéias 4.1-7 e
Sofonias 3.9-20. Esses versículos são apenas algumas das várias passagens
relacionadas a esse assunto, escritas antes da primeira vinda de Cristo. O
estudioso em profecias David Larsen resume esses textos dizendo sucintamente:
"grande parte da profecia do Velho Testamento indica o estabelecimento de
um reino de paz na terra em que a lei sairá do Monte Sião".[2]
O Novo
Testamento também dá testemunho desse reino vindouro, dando continuidade à
visão do Velho Testamento de um Reino Milenar futuro. Jesus falou sobre o Reino
Milenar durante a ceia de Páscoa, antes de ser traído e crucificado:
"A
seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo:
Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança,
derramado em favor de muitos, para remissão de pecados. E digo-vos que, desta
hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei
de beber, novo, convosco no reino de meu Pai" (Mateus 26.27-29; veja
também Marcos 14.25; Lucas 22.18).
A
passagem mais extensa sobre o Milênio está em Apocalipse 20, em que João
descreve uma seqüência cronológica – a prisão, a rebelião e o julgamento de
Satanás no Milênio. Alguns teólogos também acreditam que Apocalipse 21.9-27
descreve a Nova Jerusalém durante o Milênio. Isso não é provável, porque a
passagem se refere ao Estado Eterno, o que é apoiado pelo desenvolvimento
seqüencial do texto desde o Milênio em Apocalipse 20 até o Estado Eterno em
Apocalipse 21. Ainda outros acreditam numa posição intermediária e vêem a
passagem como uma descrição da morada eterna dos santos ressurretos durante o
Milênio.[3]
O reino
futuro de Deus terá duas fases distintas, o Milênio e o Estado Eterno. Mas a
maior ênfase da Bíblia está no reinado de mil anos de Cristo no Seu futuro
reino conhecido como Milênio. O Milênio é uma realidade bíblica futura. Segundo
a Bíblia, a vida na terra ficará melhor, mas não antes de piorar por um período
de sete anos conhecido como a Tribulação.
Qual a relação entre Israel e o Milênio?
Israel
e Jerusalém terão um papel muito importante no Milênio. O Milênio é a ocasião
da restauração final física e espiritual de Israel. A restauração é descrita em
Ezequiel 37 e resumida nos versículos 21-22:
"Dize-lhes,
pois: Assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu tomarei os filhos de Israel de entre
as nações para onde eles foram, e os congregarei de todas as partes, e os
levarei para a sua própria terra. Farei deles uma só nação na terra, nos montes
de Israel, e um só rei será rei de todos eles. Nunca mais serão duas nações;
nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos."
Israel
e Jerusalém realmente serão uma terra santa e uma cidade santa. O profeta
Isaías escreve:
"Mas
vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque eis que crio
para Jerusalém alegria e para o seu povo, regozijo. E exultarei por causa de
Jerusalém e me alegrarei no meu povo, e nunca mais se ouvirá nela nem voz de
choro nem de clamor. Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem
velho que não cumpra os seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem,
e quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado. Eles edificarão casas e nelas
habitarão; plantarão vinhas e comerão o seu fruto. Não edificarão para que
outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque a longevidade do
meu povo será como a da árvore, e os meus eleitos desfrutarão de todo as obras
das suas próprias mãos. Não trabalharão debalde, nem terão filhos para a
calamidade, porque são a posteridade bendita do Senhor, e os seus filhos
estarão com eles" (Isaías 65.18-23).
A
restauração de Israel incluirá a regeneração, reunião e posse da Terra, e o
restabelecimento do trono davídico.[4] Há várias outras características da
restauração que acompanharão os eventos descritos acima. Segundo Jeremias 3.18
e Ezequiel 37.15-23, a nação será reunida de tal forma que a antiga divisão
entre Israel e Judá será eliminada. Como nação, Israel se tornará o centro das
atenções para os gentios (Isaías 14.1-2; 49.22-23; Sofonias 3.20; Zacarias
8.23) e desfrutará de todas as condições físicas e espirituais mencionadas
anteriormente (Isaías 32.16-20; 35.5-10; 51.3; 55.12-13; 61.10-11).[5]
É
difícil subestimar a importância e o papel da redenção e restauração de Israel
no Milênio. David Larsen escreve:
Na filosofia grega, especialmente em Platão, encontramos
uma profunda antipatia pela matéria, por exemplo, quando defendem que o corpo é
a prisão da alma. Os hebreus, em comparação, eram um povo terreno porque Deus
declarou boa a ordem física que criou. Mas a matéria boa foi deturpada pelo
pecado humano. A ordem criada precisa obter e obterá redenção (Romanos
8.19-22). Cristo reinará por 1.000 anos tendo Jerusalém como Seu centro de
governo aqui na terra. Essa será a era dourada que os profetas previram. Então
não nos surpreendemos que o reino terreno de Cristo tenha um elenco judaico.[6]
Qual a relação entre a Igreja e o Milênio?
No
Arrebatamento, a Igreja será removida da terra e estará presente com Cristo por
toda a Tribulação. A Igreja será julgada por suas obras no tribunal de Cristo
depois do Arrebatamento e participará das bênçãos do Reino Milenar (Romanos
14.10-12; 1 Coríntios 3.11-16; 4.1-5; 9.24-27; 2 Coríntios 5.10-11; 2 Timóteo
4.8).
Em
Mateus 19.28, Jesus disse aos Seus discípulos que estariam com Ele no reino e
reinariam sobre as 12 tribos de Israel. Além disso, em 2 Timóteo 2.12, Paulo
escreve: "se perseveramos, também com ele reinaremos". Em
Apocalipse 20.4 aprendemos que os santos martirizados na Tribulação também
participarão do reinado de Cristo. Dois versículos depois, em Apocalipse 20.6,
lemos que todos os que fizeram parte da primeira ressurreição reinarão com
Cristo.
Já que
o céu fica acima da terra, algumas pessoas sugerem que o papel celestial da
Igreja como Noiva de Cristo é maior que qualquer papel terreno, inclusive
superior ao lugar de Israel como líder das nações. Talvez seja melhor ver cada
um na liderança das suas respectivas esferas, distintas mas equivalentes –
Israel na esfera terrena e a Igreja na celestial. De qualquer forma, o
propósito principal do Milênio é a restauração de Israel e o reinado de Cristo
sobre ele; a Igreja como Noiva de Cristo não estará ausente das atividade do
Milênio.
(Thomas Ice e Timothy Demy - http://www.chamada.com.br)
(Thomas Ice e Timothy Demy - http://www.chamada.com.br)
Notas
- John F. Walvoord, Prophecy: 14 Essential Keys to Understanding
the Final Drama (Nashville: Thomas Nelson Publishers, 1993), p. 139.
- David L. Larsen, Jews, Gentiles, and the Church: A New
Perspective on History and Prophecy (Grand Rapids: Discovery House,
1995), pp. 310-11.
- J. Dwight
Pentecost, Manual de Escatologia (São Paulo: Editora Vida, 1998),
pp. 568-86.
- Arnold G. Fruchtenbaum, Footsteps of the Messiah: A Study of the
Sequence of Prophetic Events (Tustin, CA: Ariel Ministries, 1982), pp.
287-312.
- Ibid, pp.
312-17.
- Larsen, Jews, Gentiles, and the Church, p. 310.
Extraído do livro A Verdade Sobre O Milênio.
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